quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

a Corrupção começa em casa- a baixeza está na falta de dignidade.

OPINIÃO DE JORGE BASTOS BUENO- JORNAL O GLOBO


Parece estar longe o fim de tantas denúncias a apontar políticos e empresários envolvidos no escândalo das propinas, mesadas ou "mensalões", superfaturamentos e toda sorte de artimanhas para se manter ou conquistar poder político e, de quebra, amealhar grana extra que, direta ou indiretamente, sai dos cofres públicos. Deixemos de lado, pelo menos por esta edição, as críticas contra o estado de coisas, porque necessário se torna que toda a sociedade pare um pouco para refletir sobre os acontecimentos e buscar suas causas. Nenhum fato é espontâneo ou não relacionado com fatores anteriores. A história é uma sucessão de causas e efeitos. A bala fere a vítima porque houve uma arma para dispará-la, por sua vez acionada pela vontade do atirador. A vontade do atirador é determinada por sentimentos de ódio, de destruição, mas pode ser também por necessidade de defesa. O sentimento de ódio ou necessidade de defesa também teve sua causa, por sua vez conseqüência de fato anterior. Na linha do tempo, assim como elos na corrente, encontram-se os fatos encadeados até chegar ao presente.

A corrupção, com tanto destaque atualmente, não é coisa nova e nem é exclusiva de políticos e homens públicos. Sempre existiu, eventualmente e em proporções menores, em toda a sociedade. A diferença está na ascensão a valores altíssimos em termos de vantagens pessoais e na expansão, que se processa e envolve maior número de indivíduos. Como causa disso vamos encontrar em algum ponto do passado a abertura para a permissividade e condescendência na estrutura da sociedade, seguida da impunidade por parte do Estado. Portanto, o que vemos hoje a acontecer na estrutura do Estado é conseqüência de nossos atos no passado (votar sem saber em quem, por exemplo) e reflexo do que é a sociedade como um todo. O que acontece nas altas esferas da política não é comportamento isolado, pois homens (e mulheres) públicos são frutos da mesma massa composta pelo povo. A corrupção tem início em pequenas doses na base da pirâmide, mesmo em família, quando, por exemplo, o filho engana os pais com o propósito de obter deles alguma concessão e, descoberto, não recebe a devida punição; prossegue na escola com trabalhos efetuados por terceiros e apresentados com seus pelo estudante, sob vistas grossas do professor. A venalidade na vida pública se torna mais fácil, ultrapassados, sem obstáculos, os estágios anteriores.

Manifestar indignação contra corruptos, corruptores e cobrar punição, incluindo-se devolução de valores subtraídos ou desviados, são necessários, mas não suficientes. Isso já foi feito e se conseguiu até impedimento de presidente da República, mas por não ter havido combate às causas, nada mudou desde então. Comecemos a luta contra a corrupção a partir de nossas casas, restaurando a chamada educação de berço, mantendo a televisão desligada por mais tempo (cobrar das emissoras melhor programação), coordenando melhor a vida dos filhos, sem submissão aos caprichos infanto-juvenis, e estendê-la à escola com a devolução da autoridade ao professor. Temos que reaprender o respeito, reencontrar limites, redescobrir valores, redimensionar ambições, para que de fato saibamos viver nossa vida pessoal sem dependências à prática do ilícito, ou do prejuízo ao coletivo, e separar o público do privado. Cabe à sociedade organizada debater o assunto seriamente e empreender ações com vista à reversão da situação.

Cumpramos a nossa parte e cobremos do Estado o que lhe compete.


OPINIÃO NOSSA: Não basta apenas jogar pedra na vidraça do outro, temos que olhar as nossas próprias vidraças, sem conivências com o erro dos outros ou comodismo por covardia. É fácil ser pedra, mas difícil ser a vidraça. Mas, para ambas as situações temos que ser decentes e dignos.

Antes de cobrar os nossos direitos civis, devemos estar atentos e cumpridores de nossas obrigações civis.

Abra o olho cidadão!!!!!!!!!! a lei vale para todos!!!!!!!!

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